Onda T

Características normais:
  • Positiva em todas as derivações (Excepto aVR e V1)
    • Normalmente a onda T tem a mesma direcção que o complexo QRS, ou seja, existe concordância:
      • Derivações com complexo QRS positivo, têm  onda T positiva.
      • Derivações com complexo QRS negativo, têm  onda T negativa.
    • É expectável que em adultos saudáveis, com mais de 20 anos, que a onda T seja positiva em DI, DII e de V3 a V6. 
  • Amplitude:
    •  < 5 mm nas derivações dos membros
    • < 15 mm nas derivações precordiais
    • A amplitude da Onda T vai diminuindo ao longo da idade. 
  •  Duração:
    • A duração da onda T normalmente não é avaliada isoladamente, mas sim pelo intervalo Q.
  • Morfologia:
    • A onda T normalmente não é simétrica, pois o seu ramo ascendente é mais "lento" do que o ramo descendente.  
  • A onda T é a porção do ECG mais susceptível de alterações. Até mesmo a hiperventilação pode desencadear a presença de ondas T negativas. 

Alterações mais frequentes:
Ondas T apiculadas
Ondas T hiperagudas
Ondas T invertidas
Ondas T bifásicas
Ondas T em "dorso de camelo"
Ondas T "flattened"


  1. Ondas T apiculadas

    Ondas T altas, de ramos simétricos e com base estreita são muito características da presença de hipercaliémia.

    Ondas T apiculadas características de hipercaliémia


    Sinais e sintomas de Hipercaliémia


  2. Ondas T hiperagudas

    Em fases precoces de Enfarte Agudo do Miocárdio com elevação do segmento ST podem surgir ondas T de base alargada e com ramos não simétricos. 
    Este tipo de ondas podem também surgir em doentes com Angina de Prinzmetal, durante o período de dor precordial. 

    Ondas T características de Enfarte do Miocárdio em fase Hiperaguda
    Diferenciação entre ondas T hiperagudas e apiculadas, características de Enfarte do Miocárdio e Hipercaliémia, respetivamente.


  3. Ondas T invertidas

    Quanto à inversão da onda T (onda T negativa), devem ser tidas em conta algumas considerações, nomeadamente:
    • Onda T negativa em V1 é normal.
    • Onda T invertida em DIII pode ser uma variante do normal. Contudo, se esta alteração não estiver presente num ECG prévio deve-se considerar uma situação anormal. 
    • Uma inversão da onda T patológica, normalmente corresponde a uma onda T invertida simetricamente e com uma profundidade > 3mm.

    Para além das anteriores, a inversão da onda T pode estar presente nas seguintes alterações eletrocardiográficas:
    • ECG pediátrico (normal)
    • Persistência do padrão juvenil
    • Cardiomiopatias (exemplo: CMHipertrófica ou Displasia arritmogénica do VD)
    • Isquémia miocárdica e/ou EAM
    • Bloqueio completo de ramo
    • Síndrome de WPW
    • Hipertrofia ventricular (padrão de sobrecarga)
    • Embolia pulmonar
    • Doença Pulmonar crónica
    • Hiperventilação
    • Hemorragia subaracnoideia ou AVC

    Diferenciação entre sobrecarga ventricualr (esquerda) e isquémia (direita), na presença de onda T invertida.

  4. Ondas T bifásicas

    As ondas T bifásicas, ou seja, com polaridade positiva-negativa ou negativa-positiva podem estar presentes na Isquémia Miocárdica ou em contexto de Hipocaliémia.
    Ondas T bifásicas


  5. Ondas T em "dorso de camelo"
    Este tipo de onda T não corresponde propriamente a uma alteração eletrocardiográfica da onda T em si, mas sim a outras alterações que se "mascaram" na onda T. São exemplos disso:

    • Onda U - Presente, por exemplo, em contexto de hipocaliémia grave.
    • Onda P - Presente em contextos de bloqueio aurículoventricular ou de taquicardia sinusal.

    Ondas T em dorso de camelo

  6. Ondas T "aplanada"À semelhança das ondas T bifásicas, as ondas T aplanadas ou achatadas podem estar presentes  na Isquémia Miocárdica  ou em contexto de Hipocaliémia. No primeiro caso, normalemente encontram-se descritas como "Alterações inespecíficas da repolarização ventricular".
    Ondas T aplanadas
     

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