Onda U

A onda U corresponde a uma pequena onda que surge a seguir à Onda T, não existindo ainda um consenso quanto à sua representação anatomofisiológica. Contudo, existem pelo menos três teorias:
  • Atraso na repolarização de algumas fibras de Purkinje.
  • Repolarização miocárdica prolongada das células do meso-miocárdio ("Células-M").
  • Potenciais tardios resultantes de forças mecânicas da parede ventricular.
 
Onda U
  • A onda U tem sempre menor amplitude e a mesma direcção que a Onda T :
    • Geralmente representa 25% da amplitude da onda T.
    • A sua amplitude é inversamente proporcional à frequência cardíaca (FC):
      • Quanto maior a FC, menor a onda U.
      • Quanto menor a FC, maior a onda U.
  • A sua ausência não é patológica, sendo que normalmente só se encontra presente em ritmos com frequências cardíacas abaixo dos 65 bpm.
  • Para além disso, a onda U é melhor visualizada nas derivações precordiais, especialmente em V2 e V3.

A Onda U, quando presente, pode corresponder a um ECG normal, não tendo qualquer significado clínico. Porém, esta pode apresentar-se como um achado em algumas condições fisiológicas e/ou patológicas. Neste caso a onda U pode assumir uma das seguintes alterações morfológicas:
      1. Ondas U amplas
      2. Ondas U invertidas
  1. Ondas U amplas
  • Uma onda U pode ser considerada aumentada quando tem uma aplitude > 1-2 mm ou >25% da amplitude da onda T.
  • A causa mais comum é a Bradicardia.
  • A alteração patológica  mais frequente é a hipocaliémia.
  • Outras causas de aumento da onda U, para além da bradicardia e da hipocaliémia são, por exemplo:
    • Hipocalcémia
    • Hiponagnesémia
    • Hipotremia
    • Aumento da pressão intracraniana
    • Hipertrofia ventricular esquerda
    • Cardiomiopatia hipertrófica 
    • Alguns tipos de fármacos:
      • Digoxina
      • Fenotiazidas
      • Antiarrítmicos Classe Ia - quinidina, procainamida
      • Antiarrítmicos Classe III - sotalol e amiodarona
        NOTA: Os fármacos que normalmente provocam um aumento da amplitude da Onda U, geralmente também provocam um aumento do intervalo QT.
    2. Ondas U invertidas
  • A inversão da onda U é sempre anormal em derivações que apresentem onda T positiva.
  • Esta alteração é fortemente específica de doença cardíaca.
  • Pode surgir negativa, especialmente nas derivações de V2 a V5 durante:
    • Doença coronária
    • Hipertensão arterial 
    • Hipertrofia ventricular esquerda
    • Doença valvular
    • Doença cardíaca congénita
    • Cardiomiopatias
    • Hipertiroidismo

  • A onda U negativa na presença de dor precordial típica apresenta grande especificidade para isquémia do miocárdio:
    • pode surgir em fases precoces de angina instável ou de outro síndrome coronário agudo.
    • Demonstrou ter um valor preditivo >75% para estenose da artéria coronária descendente anterior ou tronco comum e para presença de disfunção ventricular esquerda.
Para além das anteriores, a onda T pode estar unida com a onda T (fusão T-U), em contexto de:
  • aumento do tónus simpático
  • síndrome QT longo
  • depois da infusão de epinefrina e isoprotereno.

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